quinta-feira, 29 de maio de 2014

Conversas no Ateliê (de Eliane Accioly)


Sergio Fingermann estabelece a diferença entre olhar e ver. Para ele o pintor aprende a ver. Trata-se de um olhar criado através do tempo de prática, de muito trabalho e dedicação, de fé e confiança. Em nossa pesquisa de como trabalhamos, precisamos da descoberta de qual método cada um de nós usa para pintar o que pinta. Ou seja, descobrimos as regras e as leis criadas que vamos usar e aplicar na própria pintura ou tela. O método e as leis são singulares, cada pintor cria as suas, o seu. Fazer arte exige custos, pagamos preço: abandonamos a ingenuidade.

Na arte a intuição pode ser dom, mas sozinha serve para nada; ou serve para nos levar à arte. Entregamos a intuição ao comando da consciência. O método de trabalho é que é chamado de procedimento estético. Cada artista desenvolverá o seu, na duração de seu processo. A intuição se juntando à consciência? Paradoxal? Sim, elas coexistem, uma precisa da outra. 

Mark Rothko trabalha com cores, mais do que formas/ou e desenhos. Não se trata em Rothko de pintar paredes, uma brincadeira entre colegas... Rothko cria com as cores camadas sobre camadas, entremeaduras, tessituras, e através dos entremeios pode-se ver o interior do interior, sem nunca ter fim. Ou seja, ver o que não vemos. Sergio chama as pinceladas do(s) artista(s) de narrativas fracassadas de narrar. Kandinki, por seu lado,  usa formas/desenhos no seu método de transcender. E por aí vamos adentrando no desconhecido que podemos conhecer. Um pouco.